Docilização

Docilizada a energia corre pelos cabos. Circulando quilômetros por segundo, queimando qualquer obstáculo que não seja um condutor. Potente. Perigosa. Energia. Contida, limitada, na forma do cabo de metal.
Docilizada a água corre em canos. Dos caminhos insertos ela passa a linha retas. Curvas planejadas, volume controlado. Limpa das impurezas a água que desafiava até mesmo a gravidade se torna conteúdo. Conteúdo e não mais contenção.
Docilizados os animais são vendidos em pet shops.
Docilizada a árvore, as florestas.
Docilizada pedra.
Docilizado o negro africano, os índios sul americanos. Todos os povos “não civilizados” livres do instinto natural, selvagem.
Docilizado os marxistas, contidos os Luther-King’s. Apaziguados os Ches. Protegido o povo do Iraque.
“gás de pimenta para temperar a ordem” (NZ)
E tudo segue como deve. Todo dia. Todo dia. Segunda, Terça, Quarta, Quinta, Sexta, Sábado e Domingo. Acorda, come, trabalha, assiste, consome, estuda, rala, tenta, trabalha, sobrevive, insiste, , , , , até que um dia morre.
Tudo segue em paz. Civilizado. Docilizado. Sobre cabos de tensão, canos de concreto ou PVC, no sentido das ruas, das calçadas, no sobe e desce dos elevadores.
Até que fogo, trovão, tempestade, vulcão, levante, os mitos e o mais importante: o sonho.
Não se dociliza o sonhar... embora ainda se tente.

1 Comments:
é o q a gente vive hoje, meu caro... Abraço.
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