domingo, agosto 20, 2006

Agüentamos ficar 5 minutos sozinhos?


Por mais que nos façam encher os olhos, inclusive de uma certa angústia escopofílica que parece arrebatar o corpo, as obras-primas do passado são boas para o passado, não servem para nós. Dar chance a novas construções, dar chance a novos odores, dar chance a novos ritmos. Temos o direito de dizer o que foi dito e mesmo de dizer o que não foi dito de um modo nosso. A poesia escrita vale para sempre e uma única vez; depois, que deixemos ela escolher se quer ser destruída - ela será honesta e concordará. Que os poetas mortos cedam lugar aos outros, que o porvir se dê... Que nos perturba e faz com que não deixemos morrer, mesmo com a prescrição? O conseqüente sofrimento da despedida do que nos mantém numa certa direção deve ser apreciado - digo, deve ser acolhido... Aniquilar os sofrimentos e os desejos parece como a forma mais infame de estupidez - e não é isso que se vive hoje? não queremos evitar ao máximo o sofrer em prol de um tal narcisismo que nos atravessa de cabo a rabo na contemporaneidade?Não passamos mais a admirar os dentistas que arrancam os nossos dentes, para que eles não doam mais... Há coisas que não são nada fáceis quando lida com os olhos. Por favor, ouvidos novos para uma música nova...

PS.: Aqui temos dois de meus amigos. A pintura é de Edward Hopper, "Nighthawks", 1942.

1 Comments:

Anonymous Anônimo said...

A mudança, num só depois, se mostra agradável. Aceitá-la no instante já, nem sempre é tarefa fácil. Nada é para sempre...nada é muito fácil...

2:18 PM  

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